O Rei estava envelhecendo e precisava escolher o sucessor entre os seus três filhos. Tinham a mesma idade e a escolha de qualquer deles atenderia aos critérios humanos, mas apenas um, era o escolhido dos céus. Ao rei caberia descobrir quem deveria conduzir o seu povo. Os livros sagrados eram claros. Haveria apenas uma escolha certa e se, ele errasse, seria o fim de seu reino. O oráculo teria a resposta, pensou. Ela não tardou, mas exigia do rei sabedoria em sua interpretação. Dizia apenas: “a resposta está no trevo”. Não havia trevos nas proximidades do reino e seria exigido muito tempo de viagem para que apenas um pudesse ser encontrado. Seguindo a sua intuição, o rei chamou os três filhos e disse: “Quero que saiam e que tragam o trevo da sorte para mim. Aquele que o trouxer primeiro será o sucessor do meu reino”. Os três filhos saíram a cavalo, em busca do trevo da sorte.
Passaram-se meses, talvez anos, quando o vigilante da entrada do reino avistou, à distância, os três irmãos se aproximando. Cada um vinha de uma direção, mas os três juntaram-se no portão da entrada. O rei já se acomodara para recebê-los e toda a população foi para as ruas a fim de saber quem seria o futuro rei. Mas se os três estivessem trazendo os trevos da sorte e chegassem ao mesmo tempo, quem seria o vencedor?
- Aqui está Majestade, disse o primeiro filho. Depois de longa jornada e procura, entrego-lhe mais do que o trevo da sorte. Ele representa o passado, o presente e o futuro. Possui três folhas e é muito raro. É o símbolo das forças da natureza e é chamado de Trevo Sagrado.
- Majestade, o senhor merece mais do que o Trevo Sagrado, apressou-se o segundo filho. Trouxe-lhe o Trevo de Deus, o único de cinco folhas. Não existe outro em todo o universo e somente ele está à altura de sua força e sabedoria.
O terceiro filho, nada disse. Curvou-se diante do Rei e lhe entregou o trevo de quatro folhas, conhecido como o trevo da sorte. Foi aclamado o futuro rei. Ele havia cumprido a missão: trazer o trevo da sorte, o trevo de quatro folhas. Não o de três, o Trevo Sagrado. Não o de cinco, o Trevo Divino. Perceber a missão e focar no seu cumprimento exige sabedoria e disciplina. Dá para fazer além, mas é preciso antes cumprir a missão. Infelizmente, é muito fácil desviar-se dela e confundir os meios com os fins.
Toda tarefa existe para alguma finalidade, que é a sua missão. Ela é atribuída de alguém para alguém. Vale, por exemplo, para quando enviamos um estagiário para realizar determinada atividade.
O mesmo acontece com um cargo. Um dia a empresa criou, num outro exemplo, aquela gerência, com uma determinada finalidade, que é a missão desta gerência. A missão será sempre maior do que as suas funções ou atribuições. Como descobrir a missão de seu cargo?
Um outro nível de missão são os papéis como pais, mães, maridos, esposas ou em nossas profissões, como empresários, professores, consultores, enfermeiros...etc. Qual a nossa missão em nosso papel na profissão? Talvez não seja difícil descobri-la.
Tarefas e papéis têm as suas missões, mas precisam estar subordinadas a uma missão no nível ainda maior, a da nossa existência, como seres únicos e como seres humanos. Pessoas e empresas se aproximam da felicidade, quando se aproximam do cumprimento da sua missão. Como descobrir, intuir ou perceber a nossa missão?
No caso dos irmãos que disputavam o reino, a resposta estava no comando do Rei. E para nós e para as empresas, como descobrir? Vamos refletir sobre isto e seguirmos na próxima semana?
Julio Sampaio (PCC, ICF)
Mentor do MCI – Mentoring Coaching Institute
Diretor da Resultado Consultoria Empresarial