Carminha já tinha virado os 40. Os filhos estavam na idade de trocar a família pelos amigos. Entravam e saíam de casa sem nem lhe dar uma olhadinha sequer, muito menos um beijo ou abraço.
O trabalho de Carminha era chato, repetitivo e sem nenhum desafio. Todos os dias a mesma rotina: casa, trabalho, mercado, casa.
O marido de Carminha, médico, trabalhava 12 horas por dia durante a semana e dormia os sábados e domingos inteiros. Ajudar nas tarefas de casa? Nem pensar!
Nem em casa, nem no trabalho, Carminha achava que ninguém reconhecia seu real valor.
A mãe, viúva, passava os dias de camisola, cabelo desgrenhado, olheiras profundas, sem fazer nada. Ligava para Caminha todas as manhãs para falar de suas dores: joelho, costas, barriga. Filha única, Carminha não tinha mais paciência para tanta dor disso, dor daquilo e, apesar de morarem muito perto, só visitava a mãe uma vez por mês.
Na semana do seu aniversário, Carminha fez o checkup regular que a empresa exigia e, para sua surpresa, apareceu a possibilidade de estar com uma doença grave.
Carminha se assustou, depois se entristeceu, chorou, recuperou as forças e assumiu a possibilidade da doença como uma verdade absoluta.
No jantar daquele dia, contou para o marido e filhos que aquele poderia ser um dos últimos jantares em que todos comeriam juntos. Os filhos choraram e foram logo abraçar a mãe. O marido se sentiu culpado, ajudou a tirar a mesa e lavar a louça. Assistiram à TV juntos, novela, jornal, seriado. Há quanto tempo a família não se sentava para fazer alguma coisa unida!
No dia seguinte, Carminha decide criar um grupo no WhatsApp com os parentes, amigos, colegas do trabalho e pessoas que não via há muito tempo para comunicar, consternada, que estava doente.
Naquela semana, mensagens de solidariedade pipocaram o dia inteiro no seu celular. Carminha se sentiu muito amada e, quanto mais amor recebia, mais ela queria daquele sentimento, apesar do cheiro de pena e piedade que o acompanhavam.
Carminha passava os dias buscando informação sobre a doença na Internet, imaginava seu futuro sombrio numa cama de hospital, visualizava a tristeza da família quando ela não estivesse mais neste mundo. Pelo menos, ela tinha plano de saúde.
Carminha não tinha mais outro assunto.
O tempo foi passando e as mensagens rareando. Os meninos não paravam mais em casa e iam dormir na casa dos amigos dia sim, dia não. O marido passou a dar plantão aos fins de semana. Carminha foi se sentindo cada vez mais sozinha e desamparada. Ninguém lhe dava mais atenção.
Numa tarde em que estava se sentindo especialmente deprimida, o celular de Carminha apitou. Finalmente uma mensagem nova! Correu para ler. Era de uma amiga de infância com quem não falava há mais de 30 anos. A mensagem era curta e dizia apenas:
“Carminha, sua doença ocupará o lugar que você quiser que ela ocupe em sua vida. Pode virar uma desculpa para todas as suas necessidades de amor e reconhecimento ou apenas mais um desafio para você”.
Carminha levanta assustada, derruba o celular no chão, corre para o banheiro e se olha no espelho: cabelo desgrenhado, olheiras profundas, um furo na gola da camisola.
_ Camisola! Eu ainda estou de camisola!
Tomada por uma empatia avassaladora e uma compreensão total do mundo, Carminha se mete no chuveiro, como que para limpar o mofo da alma, penteia os cabelos molhados, coloca um vestido fresquinho e vai correndo para a casa da mãe.
Quando a porta se abre, Carminha a abraça e as duas permanecem assim por minutos, dando e recebendo o mais puro, genuíno e incondicional amor que há muitos anos haviam esquecido de sentir.
No dia seguinte, Carminha levanta e vai procurar um novo emprego.
........................................................................................................................................................................................................................................
É claro que questões como estas não se resolvem
num único insight momentâneo.
Mas um processo de coaching, realizado por um profissional capacitado, é capaz de gerar vários insights e uma nova e poderosa consciência.
Coaching é uma metodologia baseada em “insight learning”, que acontece através de uma parceria entre o “pensador ou cliente” e o “facilitador do pensamento ou coach”. O coach, através da sua presença, da sua escuta ativa e do questionamento provocador, sustenta e apoia a conversa que o cliente tem consigo próprio. Por isso, ao final de um processo de coaching, o cliente se sente com o controle da vida e confiante de que pode realizar tudo o que deseja.
Se você deseja PENSAR sobre problemas, objetivos, dúvidas, caminhos a trilhar, um Coach Profissional será sempre um excelente parceiro.
...........................................................................................................................................................................................................................................
Meu próximo post será sobre a história de Antônia e Pedro, uma casal que se reencontra da forma mais inusitada.
Se você quiser receber um e-book ilustrado com as 9 Pequenas Grandes Histórias, acesse https://www.christianedumont.com/meus-livros.
Christiane Dumont
Membro do MCI – Mentoring Coaching Institute
Membro da ICF – International Coach Federation
Coach de Vida e Carreira
Autora do livro: Como Morar na China sem Engolir Sapo nem Comer Cachorro
Site: christianedumont.com
Insta: chris.dumont.rotstein